Os
magistrados brasileiros, contudo, estão como mudos ou párias! Não são ouvidos
nem na reforma de Códigos, seus principais instrumentos de trabalho - está aí
um projeto de Código Penal para tornar ainda mais caótica a crise de segurança
e da própria Justiça, que não deixará dúvidas disso, acaso aprovado -, e nem mesmo para a elaboração do novo
Estatuto da Magistratura os juízes foram convidados à discussão ou
participação, por mais tímida que seja, o que se reservou apenas a ministros,
os quais conhecem o Judiciário luxuoso do Planalto Central, do alto de seus
gabinetes apinhados de assistentes, garçons, seguranças, motoristas com carros
oficiais, assessores de imprensa especialistas em aplacar chiliques e
faniquitos, dentre outros capinhas.
Relegou-se apenas aos deuses do Olimpo
candango - que têm seus contra cheques
engordados por auxílio moradia, auxílio alimentação gourmet, pagamento de
planos de saúde, passagens e diárias internacionais, além de rendas
extraordinárias atraídas pelo alto cargo, seja para ministrar palestras ou como
professores de universidades que fornecem até o "auxílio jatinho",
extensivo às consortes – a tarefa de elaborar o anteprojeto da nova Lei
Orgânica da Magistratura (ou seria o projeto da nova Lei Orgânica Antimagistratura?).
Os outros 15000 magistrados espalhados
pelo Brasil afora - pobres mortais, sem sorte, sem carros oficiais ou
motoristas, sem segurança e sem planos de saúde, sem funcionários em suas Varas
e sem sistemas de informática ou estrutura moderna e adequada, os quais pagam
aluguel pelas “residências oficiais” caindo aos pedaços que ocupam, quando
existem, restarão metas a cumprir - mesmo que sem estrutura compatível com a
demanda - além do desestímulo, a amargura de assistir impotentes a derrocada e
o amesquinhamento de um Poder da República transformado em serviçal, isso com a
ajuda e o "empurrão" (zão) de vaidosos intestinos.
Só para concluir essa “estória”, onde o
tradicional “e viveram felizes para sempre” não tem vez, o que se pode esperar
é que finde com a frase “era uma vez a magistratura”, cujo golpe de martelo
final sobre seu destino, por convite do Zeus de plantão do Supremo Tribunal
Federal, será dado pelos atuais presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado
Federal, morto o “senatus consultum”.
Antonio Carlos Martins
Peguei no Judex
Nenhum comentário:
Postar um comentário