Chuleada no tempo

sexta-feira, 5 de julho de 2013

A PAIXÃO E O LUCRO QUE NÃO É DOS APAIXONADOS.


Hoje a noite participei de uma reunião de um time do futebol amador de nossa cidade, percebi que tanto quanto as pessoas que fazem a cultura são apaixonados  pelo esporte bretão. Percebi  que essa paixão leva os dirigentes desses clubes a envolverem suas famílias e muitas vezes comprometem seus dias e até recursos financeiros para manterem essas agremiações em atividade. Esses dirigentes são verdadeiros heróis, pois muitos desconhecem o exercício árduo que é dirigir uma entidade que mexe com a paixão de outra parcela além dos atletas. Essa outra parcela apaixonada são os torcedores, esses times que chamam de clubes fazem parte de comunidades da periferia da cidade, tem uma forte inserção na comunidade e em muitas delas é a única atividade de lazer do final de semana. Seu time disputando um campeonato é uma coisa fantástica, indo para decisão então é inimaginável a mobilização, é paixão pura. O esporte amador senhores, mexe com a economia da cidade, mas isso não é percebido, varias das atividades econômicas tem no esporte amador uma boa parcela de seus lucros, as malharias fazendo uniformes, lojas de materiais esportivos, transporte coletivo, postos de combustíveis, farmácias, taxis, moto taxistas, carros executivos, distribuidores de bebidas, todos esses citados e muitos outros faturam com o esporte amador. E os clubes, esses times da periferia, feito de amor e muito voluntariado, como se sustenta. O motivo da reunião de hoje nesse clube de que participei da reunião, era para ver a viabilidade de participar de um campeonato promovido por uma empresa de Santa Maria e tem caráter regional. Esse, como outros tantos times estão prestes a assumir um compromisso longo e caro para sua capacidade financeira.  Só de arbitragem, por jogo tem que desembolsar ao trio de arbitragem o valor de R$ 360,00 (trezentos e sessenta reais). Quando o jogo cidade ou mesmo fora de sua sede, precisa contratar transporte e isso não é barato. Na realidade os únicos que faturam com esse campeonato são os árbitros e a empresa que organiza o certame. Isso mesmo eles faturam em cima do amadorismo e o voluntariado dessa paixão que é o futebol.  O promotor do campeonato anuncia, arruma patrocínio para a divulgação, vende cotas de patrocínio, aumenta a venda de seu produto e ao final do campeonato dá um troféu e medalhas. Ora senhores dirigentes, está na hora de serem respeitados que está acontecendo, devem perguntar para a liga que os representa: O que a liga faz por vocês, por que não defende seus interesses.  É preciso pautar esse assunto, propor se for o caso uma tribuna livre na câmara de vereadores para serem respeitados. Um campeonato em que só um fatura financeiramente as custas do voluntariado. É triste ver uma paixão submetida a isso. Teno muito a falar sobre isso, com certeza daria um livro. Mas mais uma vez a periferia gera lucro pro mesmo segmento da sociedade que sempre se aproveitaram da periferia e a ela não dão o respeito e a dignidade que merecem. Esporte e cultura nessa cidade são relegados ao descaso e a falta de política pública. Quem tem culpa? Nós todos por nossas omissões.

Magno Garcia

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