Do ano passado para cá, a dupla Gre-Nal teve em suas casamatas os maiores ídolos de sua bonita história. Renato Portaluppi assumiu o Grêmio no ano passado e tirou o time da zona de rebaixamento e conseguiu levar o time à Copa Libertadores. Nesse ano, não conseguiu repetir o desempenho e acabou sendo demitido, ainda que a torcida fosse contra a sua saída. Melhor sorte também não teve Paulo Roberto Falcão, que assumiu o seu Internacional, prometendo títulos e longevidade. Porém, após quase três meses de trabalho, foi também demitido, sob a alegação de maus resultados, ressaltando que a torcida também não queria o seu afastamento. O que nota-se nestes casos é que personagens secundários, que não serão lembrados no futuro, tentaram arranhar a imagem dos ídolos, porém a torcida dos clubes preferiu ficar ao lado destes imortais, numa demonstração inédita em todo o país, pois sempre que um time está mal, o primeiro a sair é sempre o técnico. A outra semelhança é que os técnicos foram contratados sem o aval dos respectivos presidentes, que numa situação adversa, acharam por bem demiti-los, saindo da sombra dos ídolos e comprando briga com a torcida.
Cabe dizer que fazendo isso, não irão conseguir nada, muito menos o apoio da torcida, que tem o direito e dever de reclamar, pois estão com o time nas horas ruins e boas, e que pagam para aplaudir e vaiar o time, conforme a situação. Nesse mundo do futebol, onde os interesses econômicos já sobrepujaram o amor da torcida pelo seu clube, estes cidadãos, que pela sua história, conquistaram definitivamente o coração da torcida, assumiram o seu time de coração, não se importando com a condição de ídolos. Como a torcida gremista não será grata ao homem que fez os dois gols do único título de campeão do mundo de clubes?E como não ser grato ao homem que personificou a década de ouro do Inter, dando a este o tricampeonato brasileiro na década de 1970?Certamente, os atuais presidentes da dupla Gre-Nal, que não irão conseguir fazer um décimo do que Renato e Falcão fizeram por seus times, não respeitaram a história destes gigantes e os enxotaram como se fossem pessoas sem identificação com a torcida. Porém, esta não ficou indiferente, e apoiou estes heróis de outrora, que sempre assumiram a sua paixão e a torcida os adora, reconhecendo neles o espírito de coragem e luta que os torcedores querem ver encarnados no seu time.
Caso mais emblemático sem dúvida, é o de Falcão. Com menos de 100 dias de trabalho, viu seu trabalho ser demolido por pura falta de convicção do atual presidente, que mais parece um boneco de ventríloquo, obedecendo ordens do ex-presidente Fernando Carvalho, que diga-se de passagem, não aprovava o nome de Falcão. Na entrevista derradeira, o ídolo colorado não escondia a tristeza e a irritação pela situação que estava passando, e pelas suas palavras, a sensação de que “haviam puxado o seu tapete” é clara. Ainda assim, foi um cavalheiro nas suas respostas à imprensa, tanto como era com o trato com a bola no campo.
Quanto à Renato, além das diferentes idéias divergentes que tinha para com o presidente do Grêmio, os resultados e a teimosia em escalar alguns jogadores que caíram em desgraça com a torcida, fizeram ruir o seu trabalho. Como não podia demitir o técnico que fez uma bela campanha no ano passado, o presidente aproveitou a seqüência de maus resultados do time desse ano e resolveu mudar. Ainda assim, quando foi demitido, assumiu a culpa e reafirmou o seu amor ao seu time, aumentando ainda mais o sentimento de gratidão da torcida tricolor.
Em ambas as situações, o que deve ser louvado é o sentimento que estes treinadores têm com o seu time do coração. Errar, eles irão errar, afinal, apesar de sua condição heróica, são humanos como nós. Mas o que devia ser respeitado é a história que cada um tem na dupla Gre-Nal, pois em épocas distintas, fizeram o Brasil e o mundo reconhecer que no Rio Grande do Sul tem dois gigantes do futebol e que devem ser respeitados sempre. Somente no nosso Estado tem dois campeões mundiais, muito em parte graças à esses ídolos e tantos outros, que marcaram história e que não tem o devido reconhecimento dos dirigentes. Entretanto, mais cruel do que esse tratamento indigno, é o esquecimento, pois um dia esses presidentes sairão e não serão lembrados, mas estes ídolos serão reverenciados por uma vida inteira.
Fabrício Teixeira
Advogado
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