Chuleada no tempo

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

Coisas de carnaval, relatos e opiniões.

Resultado de imagem para carnaval de ruaPara quem não me conhece sou um apaixonado por carnaval de Escola de Samba. A que represento fez seu último carnaval em 2012, foi uma dificuldade extrema, muito difícil, sofrível. Contei com a paixão carnavalesca de muitos voluntários, sempre pensei e ainda penso que o carnaval por ser de origem popular tem que representar a comunidade que a escola está inserida, não existe escola de samba sem comunidade; existe desfile sem comunidade, e isso é simples, você convida pessoas de fora, importa componentes e está pronta a escola, com componentes, e a alma?

Sei que críticas aparecerão, mas é meu pensamento e quem vive as angustias e conquistas de uma Escola de Samba sabe o que estou falando. Pois bem, as críticas continuarão e eu continuarei falando, não sou apenas um apaixonado por carnaval, eu pesquiso, estudo, opino, escrevo e tenho alguma vivencia no meio.

E por essa vivencia o grupo que represento resolveu retirar, licenciar a Imperatriz Academia de Samba e somente voltar quando a comunidade entender e se apropriar da proposta, querer fazer Escola de Samba e sentir-se pertencente ao projeto, sentir-se representada, um carnaval não se faz com a simples decisão do presidente ou seu grupo, é necessário a comunidade querer.

A Imperatriz foi fundada em 2001, sua maior conquista foi o vice-campeonato de 2006, mas isso é outra história, bem interessante por sinal. Desde sua fundação existiu por força dos componentes. Iniciou seus ensaios nos fundos da escola Tancredo Neves, no bairro de mesmo nome. Mais tarde locamos um espaço na rua maranhão onde hoje existe uma agência bancária e outros empreendimentos, posteriormente transferiu-se para a Cohab Santa Marta, na quadra da APAE preparamos o desfile de 2011 e o carnaval de 2012 foi preparado no núcleo Central (Nova Santa Marta) onde deixamos um legado, uma quadra de concreto onde antes era de areia. Sempre, em todas essas mudanças os componentes nos conduziram, vem pra cá, aqui é bom, vamos ajudar, em tal lugar o pessoal quer, esses foram os argumentos.
                             
Depois da tragédia de Santa Maria, a retomada foi mais difícil, a desmobilização e a falta de um local para realizar os ensaios, a insegurança, as incertezas nos fizeram repensar e avaliar a trajetória, chegamos uma conclusão: Sabemos como se faz mas temos que fazer melhor e para isso precisamos nos preparar, daí partimos para a busca de um novo espaço, uma comunidade que ajude e queira construir sua história no carnaval.
                               
Você deve estar pensando o que quero dizer ou onde quero chegar com esse papo. Precisamos reinventar, descobrir a identidade do nosso carnaval de rua, não podemos querer fazer carnaval do Rio de Janeiro, São Paulo, porto Alegre ou Uruguaiana em Santa Maria, precisamos ouvir mais, acreditar nas instituições, confiar nos dirigentes e participar de maneira positiva e propositiva. O Carnaval dando certo para todas as escolas dará certo para a cidade de Santa Maria, para isto precisamos de um projeto, de um modelo de um plano, de produtos atraentes. Precisamos olhar e fazer para nossas comunidades e não apenas para o desfile, não é uma crítica, é uma constatação e me incluo, faço parte disso.

Os investimentos das escolas de Santa Maria ultrapassam os cem mil reais, independente do aporte por parte do poder público; esse dinheiro vem de parcerias, de apoiadores, das quadras, com ingressos, copa, e demais produtos. O menor valor é repassado pelo poder público, então necessário se faz esclarecer que não se tira dinheiro da saúde, da educação, das obras. Por sinal não tendo carnaval em 2016 não vi nada diferente nessas três pastas. Portanto, a cidade tem que querer fazer carnaval, a cidade tem que procurar entender todo esse processo, a discussão acerca do tema tem que se ampliar, não avançamos com debates onde uns querem e outros apenas dizem não, sem justificativas, sem conhecimento e muitas vezes permeada de preconceitos. Todos ganhamos com um carnaval organizado, eu desafiei a administração anterior em me mostrar algum flayer, banner, mosquitinho ou algo que o valha divulgando o carnaval de rua, até agora não obtive resposta, mas no site da transparência aparece aproximadamente R$ 40.000,00 com caderno de divulgação, não vi, você viu? Mas tá lá é só procurar.

Ficou longo o texto mas tem mais para o próximo, tem sobre a Associação, o projeto de Lei do carnaval, o marco civil do terceiro setor, dos valores dos carnavais de 2009 até 2011 e tanta coisa, mas fica para outra oportunidade.

Por fim quero dizer para você que se identifica com uma Escola de Samba e vai para a arquibancada torcer. Vá na quadra, pague ingresso, consuma, ajuda a tua escola, participa da reconstrução do carnaval da cidade simplesmente conhecendo o trabalho e convidando outras pessoas para fazerem o mesmo.


                                    Escola de Samba é um espaço de convívio social, prestigie!!!

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