Para quem não me
conhece sou um apaixonado por carnaval de Escola de Samba. A que represento fez
seu último carnaval em 2012, foi uma dificuldade extrema, muito difícil, sofrível.
Contei com a paixão carnavalesca de muitos voluntários, sempre pensei e ainda
penso que o carnaval por ser de origem popular tem que representar a comunidade
que a escola está inserida, não existe escola de samba sem comunidade; existe
desfile sem comunidade, e isso é simples, você convida pessoas de fora, importa
componentes e está pronta a escola, com componentes, e a alma?
Sei que críticas aparecerão, mas é meu pensamento e quem vive as angustias e conquistas de uma Escola de Samba sabe o que estou falando. Pois bem, as críticas continuarão e eu continuarei falando, não sou apenas um apaixonado por carnaval, eu pesquiso, estudo, opino, escrevo e tenho alguma vivencia no meio.
E por essa vivencia o grupo que represento resolveu retirar, licenciar a Imperatriz Academia de Samba e somente voltar quando a comunidade entender e se apropriar da proposta, querer fazer Escola de Samba e sentir-se pertencente ao projeto, sentir-se representada, um carnaval não se faz com a simples decisão do presidente ou seu grupo, é necessário a comunidade querer.
A Imperatriz foi fundada em 2001, sua maior conquista foi o vice-campeonato de 2006, mas isso é outra história, bem interessante por sinal. Desde sua fundação existiu por força dos componentes. Iniciou seus ensaios nos fundos da escola Tancredo Neves, no bairro de mesmo nome. Mais tarde locamos um espaço na rua maranhão onde hoje existe uma agência bancária e outros empreendimentos, posteriormente transferiu-se para a Cohab Santa Marta, na quadra da APAE preparamos o desfile de 2011 e o carnaval de 2012 foi preparado no núcleo Central (Nova Santa Marta) onde deixamos um legado, uma quadra de concreto onde antes era de areia. Sempre, em todas essas mudanças os componentes nos conduziram, vem pra cá, aqui é bom, vamos ajudar, em tal lugar o pessoal quer, esses foram os argumentos.
Depois da tragédia de
Santa Maria, a retomada foi mais difícil, a desmobilização e a falta de um
local para realizar os ensaios, a insegurança, as incertezas nos fizeram
repensar e avaliar a trajetória, chegamos uma conclusão: Sabemos como se faz mas
temos que fazer melhor e para isso precisamos nos preparar, daí partimos para a
busca de um novo espaço, uma comunidade que ajude e queira construir sua
história no carnaval.
Você deve
estar pensando o que quero dizer ou onde quero chegar com esse papo. Precisamos
reinventar, descobrir a identidade do nosso carnaval de rua, não podemos querer
fazer carnaval do Rio de Janeiro, São Paulo, porto Alegre ou Uruguaiana em
Santa Maria, precisamos ouvir mais, acreditar nas instituições, confiar nos
dirigentes e participar de maneira positiva e propositiva. O Carnaval dando
certo para todas as escolas dará certo para a cidade de Santa Maria, para isto
precisamos de um projeto, de um modelo de um plano, de produtos atraentes. Precisamos
olhar e fazer para nossas comunidades e não apenas para o desfile, não é uma crítica,
é uma constatação e me incluo, faço parte disso.
Os investimentos
das escolas de Santa Maria ultrapassam os cem mil reais, independente do aporte
por parte do poder público; esse dinheiro vem de parcerias, de apoiadores, das
quadras, com ingressos, copa, e demais produtos. O menor valor é repassado pelo
poder público, então necessário se faz esclarecer que não se tira dinheiro da saúde,
da educação, das obras. Por sinal não tendo carnaval em 2016 não vi nada
diferente nessas três pastas. Portanto, a cidade tem que querer fazer carnaval,
a cidade tem que procurar entender todo esse processo, a discussão acerca do
tema tem que se ampliar, não avançamos com debates onde uns querem e outros
apenas dizem não, sem justificativas, sem conhecimento e muitas vezes permeada de
preconceitos. Todos ganhamos com um carnaval organizado, eu desafiei a
administração anterior em me mostrar algum flayer, banner, mosquitinho ou algo
que o valha divulgando o carnaval de rua, até agora não obtive resposta, mas no
site da transparência aparece aproximadamente R$ 40.000,00 com caderno de
divulgação, não vi, você viu? Mas tá lá é só procurar.
Ficou longo o texto mas tem mais para o próximo, tem sobre a Associação,
o projeto de Lei do carnaval, o marco civil do terceiro setor, dos valores dos
carnavais de 2009 até 2011 e tanta coisa, mas fica para outra oportunidade.
Por fim quero dizer para você que se
identifica com uma Escola de Samba e vai para a arquibancada torcer. Vá na
quadra, pague ingresso, consuma, ajuda a tua escola, participa da reconstrução
do carnaval da cidade simplesmente conhecendo o trabalho e convidando outras
pessoas para fazerem o mesmo.
Escola
de Samba é um espaço de convívio social, prestigie!!!
Nenhum comentário:
Postar um comentário