Brasiléia e Epitaciolândia são cidades conhecidas de qualquer um que estude o tráfico de cocaína vindo da Bolívia para o Brasil. Cidades pobres, cercadas de periferias principalmente às margens dos rios, onde os habitantes moram em casas de madeiras sobre palafitas, elas ficam à distância de um leito d´água da cidade de Cobija, ao norte do país andino.
A rota mais comum usada para a produção de cocaína, oxi e mescla, segundo os entrevistados da Reard, é a partir do Peru para a Bolívia pelo lado brasileiro, onde a estrada é melhor, para na amazônia boliviana ser transformada em cocaína, crack e mescla. Depois, ela volta ao Brasil. “O rio que separa os dois países é alagadiço, enche quando é período de chuvas e quando não chove fica raso, dá para atravessar andando. Isso facilita muito o tráfico”, explica Álvaro Augusto Andrade Mendes.
Foi nessas duas cidades fronteiriças que a equipe da ONG realizou sua pesquisa, acompanhando viciados em oxi. Não sem dificuldade: “Os usuários costumam se esconder, tivemos que procurar muito, e ganhar a confiança deles”, conta Rodrigo Correia, um dos pesquisadores que a campo realizar o trabalho. E viu a realidade dos bairros onde a droga se alastra. “Bairros bem desprovidos, as pessoas eram bem pobres mesmo.
As casas eram de madeira, a maioria na beira dos rios, sem saneamento básico, sem água, sem as mínimas condições de higiene. Eu entrevistei pessoas de 18 a 35 anos, que já usavam o oxi há algum tempo. Todos, sem exceção, estavam desempregados”. Ou então trabalhavam em bicos, o que pode trazer uma renda de até 2 salários mínimos (600 reais). Dentre os entrevistados, 62,5% tinham filhos, mas só 20% viviam com a família.
Vendido em pedras –que podem ser mais amareladas ou mais brancas, dependendo da quantidade de querosene ou cal virgem, respectivamente– o grande apelo do oxi é justamente o seu preço: enquanto a mescla custa de 5 a 10 reais uma trouxinha que serve 3 cigarros, o oxi é vendido de 2 a 5 reais por 5 pedras. “É uma droga popular, inegavelmente, mas dependendo do período o preço aumenta: se é época de chuva, se a polícia intensifica mais a vigilância”, explica Álvaro.
Além dos problemas sociais que claramente empurram esses jovens para o uso da droga, a proximidade com o comércio ilegal também abre as portas. Segundo Rodrigo Correia, muitos dos seus entrevistados trabalhavam ou haviam trabalhado como “mulas”, atravessando a fronteira portando a droga, ou vendedores. “Muitos deles sofrem a influência de amigos que consomem ou estão envolvidos com o tráfico. Mas a maior questão do oxi é que ela é uma droga mais rápida, causa um efeito mais forte, e é a única coisa que vem para eles, eles não têm opção”.
Com Informações do site: Noticias da Tv Brasil
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